"Bem... encontrar os locais onde vivem as
comunidades, foi um trabalho lento e muito difícil, mas a
riqueza de experiências que vivenciamos oportunamente,
chamaram à atenção, como por exemplo o destaque para a beleza do
que resta da floresta de araucárias, os rios quase secos por conta
do plantio de pínus, e isto praticamente em todo o território
paranaense. Passamos algum tempo navegando na Bahia de
Guaraqueçaba, utilizando para este trabalho o barco do
Instituto Ambiental do Paraná enquanto visitávamos as ilhas
para verificar a presença de famílias negras nestes locais,
mas só encontramos, maciçamente, essa presença no continente, nos
Quilombos de Batuva e Rio Verde e também seis famílias
de pescadores no bairro do Costão/sede do
município.
A visão de árvores, pássaros dos mais
variados tipos, as ilhas, o caranguejo de cor alaranjada que se
destaca em meio ao mangue preto e a água do mar, dá uma sensação
maravilhosa de bem estar e
tranqüilidade.
Os negros moradores dos "Quilombos", das
"Comunidades Negras Rurais" e das "Terras de Preto",” Terras
de Santo” — no Paraná, os vários
nomes pelos quais são conhecidas essas áreas de resistência,
tiveram origens diversas, se estabeleceram em lugares de uma beleza
infinita.
Algumas surgiram em fazendas abandonadas
pelos donos, outros pelas doações de terras para ex-escravos, assim
como terras foram compradas pelos escravos que foram alforriados.
Outros ganharam áreas como reconhecimento da prestação de serviços
de escravos em guerras como a do Paraguai, ou então como no caso da
Lapa, os negros ganhavam pedaços de terras aos redores da fazenda,
onde tinham a sua própria roça de subsistência o que deixava o dono
da fazenda e dos escravos sem a responsabilidade de sustentá-los.
Houve ainda algumas terras que eram de ordens
religiosas, deixadas sob a administração de escravos e ex-escravos
no início da segunda metade do século XVIII, como o caso da Fazenda
Capão Alto no município de Castro.
As histórias destes grupos são
preservadas, em grande parte, pela comunicação oral. Com o
tempo, as festas populares, a culinária, a devoção a determinados
santos e algumas lendas e mitos são mantidos, mas a sua
explicação e significado vão se tornando verdadeiros mistérios,
ocultados, ou então, sendo “esquecidos...” quando os
moradores mais velhos nestes agrupamentos morrem.
A maioria
destes grupos familiares negros paranaenses, ainda não sabia que
existem outras comunidades no Brasil e também na América Latina
inteira, com as mesmas origens, vivendo situações
semelhantes."
(Fonte: http://quilombosnoparana.spaceblog.com.br/)
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