sábado, 22 de setembro de 2012

COMUNIDADES TRADICIONAIS NEGRAS / QUILOMBOLAS

"Bem... encontrar os locais onde vivem as comunidades,  foi um trabalho lento e muito difícil, mas a riqueza de experiências que  vivenciamos  oportunamente, chamaram à atenção, como por exemplo o destaque para a beleza do que resta da floresta de araucárias, os rios quase secos por conta do plantio de pínus, e isto praticamente em todo o território paranaense. Passamos  algum  tempo navegando na Bahia de Guaraqueçaba, utilizando para este trabalho o  barco do Instituto Ambiental do Paraná enquanto  visitávamos as ilhas para verificar a  presença de famílias negras nestes locais, mas só encontramos, maciçamente, essa presença no continente, nos Quilombos de Batuva e Rio Verde e também  seis  famílias de pescadores no bairro do Costão/sede do município.
A visão de árvores, pássaros dos mais variados tipos, as ilhas, o caranguejo de cor alaranjada que se destaca em meio ao mangue preto e a água do mar, dá uma sensação maravilhosa de bem estar e tranqüilidade. 
Os negros moradores dos "Quilombos", das "Comunidades Negras Rurais" e das "Terras de Preto",” Terras de Santo” —  no Paraná, os vários nomes pelos quais são conhecidas essas áreas de resistência, tiveram origens diversas, se estabeleceram em lugares de uma beleza infinita. 
Algumas surgiram em fazendas abandonadas pelos donos, outros pelas doações de terras para ex-escravos, assim como terras foram compradas pelos escravos que foram alforriados. Outros ganharam áreas como reconhecimento da prestação de serviços de escravos em guerras como a do Paraguai, ou então como no caso da Lapa, os negros ganhavam pedaços de terras aos redores da fazenda, onde tinham a sua própria roça de subsistência o que deixava o dono da fazenda e dos escravos sem a responsabilidade de sustentá-los.  
Houve ainda algumas terras que eram de ordens religiosas, deixadas sob a administração de escravos e ex-escravos no início da segunda metade do século XVIII, como o caso da Fazenda Capão Alto no município de Castro.  
As histórias destes grupos  são preservadas, em grande parte, pela comunicação oral.  Com o tempo, as festas populares, a culinária, a devoção a determinados santos e algumas lendas  e mitos são mantidos, mas a sua explicação e significado vão se tornando verdadeiros mistérios, ocultados, ou então, sendo “esquecidos...” quando os moradores mais velhos nestes agrupamentos  morrem.  
A maioria destes grupos familiares negros paranaenses, ainda não sabia que existem outras comunidades no Brasil e também na América Latina inteira, com as mesmas origens, vivendo situações semelhantes."

(Fonte: http://quilombosnoparana.spaceblog.com.br/)



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