De
acordo com o dicionário Houaiss, diversidade
significa qualidade do que é
diferente; o que distingue uma coisa de outra; falta de igualdade ou
de semelhança; alteração digna de atenção, de reparo;
modificação, transformação; característica do que é vário;
diversidade, disparidade; falta de harmonia; divergência; falta de
eqüidade; desproporção, desigualdade.
Em
verdade, pode-se constatar que o Brasil possui a segunda maior
população afro-descendente em caráter mundial, depois da Nigéria.
O termo “afro-descendente” permeia por uma série de conceitos e
termos precedentes que, na prática, consiste no indivíduo ver-se,
sentir-se e perceber-se como um descendente de africanos,
colocando-se secundariamente como brasileiros. Em uma entrevista ao
Instituto de
Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Kabengele MUNANGA
comenta sobre quem é o negro no Brasil:
Parece
simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que
desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma
definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que
introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como
negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo
doloroso.(2004)
Com relação à fala da autora, reconhece-se que no
Brasil, sobretudo na Bahia, ainda se faz presente um considerável
número de pessoas que se aceitam mais na categoria de
“euro-descendentes” do que como “afro-descendentes”, devido
ao processo de omissão e aniquilação da participação histórica
do negro em nossa cultura. As políticas públicas criam mecanismos,
a exemplo das cotas, para que o afro-descendente se apresente com
maior fluência na sociedade. Mas se questiona até que ponto essas
políticas são compreendidas e contempladoras dos direitos dos
indivíduos.
De
acordo com os conceitos apresentados nos dicionários que circulam no
cunho social, diferença
consiste basicamente na qualidade
do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra falta de
igualdade ou de semelhança. A diversidade
está mais atrelada à
viabilidade, ou seja, remete à heterogeneidade. Percebe-se,
portanto, que ambas são síncronas, mas com compreensões
individualizadas diferenciadas.
DIFERENÇA # DIFERENTE
Em nosso país, observa-se três curcunstâncias discriminatórias
básicas sofridas pelo afro-descendente no mundo corporativo:
- Dificuldades de se obter uma vaga para as funções mais bem remuneradas e valorizadas, ou seja, a discriminação ocupacional.
- Diferenças salariais no exercício das mesmas funções exercidas por brancos.
- Preocupação que as organizações trabalhistas têm, frente à imagem que pode ser construída de um setor de trabalho composto por profissionais afro-descendentes.
Este perverso cenário apresenta-se camuflado pelo discurso de
inclusão social e atribuição do preconceito como ação do
“outro”. Mas quem é esse outro? Recorda-se neste momento a fala
da educadora Nocoleta MATTOS (2007), quando a mesma dizia que
preconceito é coisa do outro... e o outro para o outro sou eu.
Deve-se acreditar que não há mais espaço para sinalizar a
questão do outro, mas sentir-se inserido no processo, ciente que a
diferença não é termo do negro, índio, homossesual,
afro-descendente: em nossa normalidade, já somos todos diferentes.
Frente à riqueza cultural em que nosso país encontra-se permeado,
poderíamos conviver alicerçados a uma realidade de paraíso da
democracia racial. Mas de fato, o próprio desconhecimento e descaso
da realidade fazem do tema em questão uma esperança de inclusão
social.
Objetivando não afunilar a questão da diversidade à
afro-descendência, acorda-se também a realidade inaceitável e
similar dos pobres, que não foram oportunizados a avançarem
economicamente e ficam “a margem” da sociedade como incapacitados
e fracassados; das mulheres que, mesmo vivendo no século XXI, ainda
disputam por igualdade de direitos com relação ao sexo oposto; dos
obesos, que sofrem preconceito pela situação estética e
“subentenção” de inatividade no trabalho; do nordestino, que
também é ‘rotulado’ como intelectualmente despreparado; o
deficiente físico, entre outros.
As compreensões estão expostas, bem como a situação social passa
a ser conhecida com teor preocupante. O que precisa a partir de
então, é promover discussões sólidas e significativas para
difundir os conceitos e compreensões sobre diversidade, inclusão e
identidade de forma consciente, em que todos se vejam inseridos no
processo e responsáveis pela diferença nos resultados subseqüentes.
Abrir a mente é o primeiro passo para perceber que o ‘outro’
também sou ‘eu’. A diferença está em todos, do contrário, não
haveria tantos plurais, a exemplo de religiões, descendências,
traços físicos, idiomas, dialetos e, sobretudo, opiniões. Somos
pessoas plurais, portanto, somos diferentes.
REFERÊNCIAS:
MUNANGA,
Kabengele. In: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de
São Paulo, Vol.18, nº 50. São Paulo: 2004.
MATTOS,
Nicoleta Mendes de. Conferência Regional de Educação Básica.
Realizado nos dias 23 e 24/11/2007. Valença-BA. 2007.
Diversidade, é um tema que por si só gera muitos questionamentos, pois é muito complexo.
ResponderExcluirE para compreendermos é preciso muitos estudos para que realmente as discussões sejam sólidas, pois segundo a fala da educadora Nocoleta (2007) todos somos responsáveis no processo e somos diferentes.